sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sala de aula

Essa é, sem dúvida, a mais densa selva do intelectualismo barato elaborado e pitorescamente administrado entre as mentes mais perversas e inocentes da história da sociedade materialista moderna. Não, não é o horário político, falo de um antro de figuras mais peculiares e mais interessantes: uma sala de aula em horário de aula de alunos de física.

A aula em questão possui um mecanismo de funcionamento bastante simples: os alunos apresentam aulas sobre assuntos previamente elaborados em compania do professor, apresentando experimentos e elaborando explicações voltadas ao aluno de ensino médio. Os trabalhos em geral apresentam assuntos pertinentes ao ensino em questão, todavia não apresentem a duração prevista de cinqüenta minutos. Termina que, em uma aula de 3 horas e 40 minutos temos 4 horas e 5 minutos de apresentações (e comentários do professor). Mas em geral, o período é representativamente produtivo no quesito literário, afinal, o curso de física ainda é o curso de física.

A apresentação versava sobre o magnetismo, um experimento interessante que sucedeu duas outras aulas com experimentos igualmente interessantes sobre assuntos distintos (e só poderia ser mais interessante se não terminasse em horário próximo às 11 horas da noite). Uma tomada de dados e uma comparação com o campo magnético da Terra... em seguida, o preenchimento da tabela do campo magnético gerado pela espira em uma dada corrente e um dos valores atinge a respeitável marca de 226. Os comentários de Flubber® seriam bem mais proveitosos se fossem feitos em momento oportuno e após a devida reflexão. Lembrou Flubber®, naquele momento, que uma ressonância magnética usa um campo absurdo de 2 Tesla, ao passo que o acelerador de partículas do LNLS em campinas administra um campo absurdo superior a 100 Tesla (Não, eu não lembro o valor de cabeça). Conclusão imediata do físico (o Flubber®, não nenhum dos outros presentes): o colega criou um gerador magnético de proporções improcedentes, talvez capaz de causar um apagão se ligado em momento oportuno e no lugar adequado. E tudo isso com 4 pilhas de 1.5V, um amperímetro, uma espira de 21 voltas e um potenciômetro. Uma bomba de pulso magnético feita de material reciclável.

Aquele experimento certamente seria único. As aplicações no campo de pesquisa científica e na área militar seriam promissoras. Um gerador de 226 Tesla que custa menos de 100 reais! A que ponto uma guerra poderia ser controlada com um mero pulso? Mal notara Flubber® que a unidade em questão não era o Tesla (T), mas sim o micro-Tesla (µT), o que tornava o campo em questão apenas um milhão de vezes menor.

Após seus comentários inconvenientes serem devidamente dispensados pelos alunos ao redor, Flubber® retomou sua reflexão... ao menos não custa sonhar!