Como de costume, o fato aqui narrado demonstra a riqueza cultural de nossa modesta sociedade e, acima de tudo, o tino e a boa educação constantes das nossas efetivas políticas de boa vizinhança. E, como de mais costume ainda, o fato aqui narrado foi flagrado indecorosamente por meus inocentes sentidos.
A Rua Bôrtolo Gusso é, sem sombra de dúvida, uma excelente referência: É atravessada por mais de cinco linhas de ônibus, liga a Avenida Brasília ao Fim do Mundo, uma nobre região, habitada por diversos sobrados, condomínios, favelas e pelo Flubber, sendo que todos os moradores dessa região dependem dessa rua. Certamente uma rua de vital importância e relevante significância para alguns; pena que o resto da cidade sequer sabe que ela existe.
Em uma rua de tamanha movimentação e importância, levando em conta toda a sensatez de nosso povo curitibano e o fato de o Interbairros II passar por ali, podemos também andar preocupados com situações embaraçosas e inusitadas, como manifestações da boa educação regional, motoristas de final de semana aventureiros em uma segunda feira, vendas de DVDs piratas em saída de mercado, viaturas policiais preocupadas com o bom cumprimento da lei e abordagens políticas de filho de candidato político (afinal, ele vai pintar o muro da sua casa com uma propaganda e depois passa uma demão de tinta, vai ficar como novo). Apesar de tão vasta gama de eventos e figuras presentes em tão respeitosa rua, certamente os mais impressionantes são os nobres e cultos "playboys", o patriciado do Capão Raso, os filhos da nobre burguesia e os proprietários dos carros legais e dos cérebros mais avantajados, e algumas moças que transitam periodicamente pela região.
Esse, como muitos outros, era o carro de um playboy. Uma característica playboy bastante ostensiva é, sem sombra de dúvidas, a ansiedade e o esforço em manifestar suas opiniões a respeito de problemas a eles alheios, críticas construtivas de caráter geral com o simples intuito de ajudar e enriquecer, compartilhando de forma autruísta o conteúdo guardado com tanto esmero em suas mentes divagadoras, caçadoras da nobre cultura e da produção intelectual. O fato que narro aqui é proveniente de um momento desse porte.
E desço eu do ônibus e ando a caminho de minha casa. Uma noite tranqüila na rua Bôrtolo Gusso, como muitas outras. Um grupo de moças caminhava e conversava descontraidamente e um carro vinha da mesma direção. Ao passar pelas moças, o rapaz, motorista do carro, tal como o passageiro a seu lado, exibiam sua bela e sonora buzina, acompanhando o harmonioso som com seus comentários portados da sabedoria secular da grande cidade. Diziam eles "Vem me fazer um
Um comentário:
Essa foi uma das maiores concentrações d sarcasmo q eu já vi num texto seu... Tava inspirado, hein
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