segunda-feira, 7 de abril de 2008

Automáticos e cretinos

Sim, essa é a tecnologia. Estou eu em frente à maior representação da evolução da tecnologia e de seu acesso pelo povo, o lembrete do trabalho que ainda não fiz, a força intelectual que guarda relevante parcela de nossas informações e, por vezes, até manda em seus donos. Esse que fala por si só: o famoso PC, o Personal Computer, um Desktop ou, em bom português, o computador, esse que tem com seu usuário uma relação íntima de amor e ódio de proporções tão impressionantes que me fazem refletir sobre a interação entre o ser humano e suas criações. Sim, o homem criou o computador à sua imagem e semelhança: a máquina é vaidosa e orgulhosa, exigindo por vezes peças novas e de ponta, é imprevisível e, detalhe marcante, temperamental, faltando em suas funções por motivos esdrúxulos como um mero cabinho fora do lugar. Bom, talvez o homem não o tenha feito à própria imagem e sim à imagem da mulher, afinal, em nosso mundo, tudo termina, de alguma forma, na relação intersexual.

E é essa máquina carregada de significados que paro para observar por um momento específico. Certamente Maxwell, ao escrever suas equações para o eletromagnetismo (que cito no Conto Divino), jamais imaginou que as coisas chegariam onde chegaram. Acredito que ele teria pensado duas vezes e talvez tivesse deixado a culpa de tal avanço para algum outro João Ninguém (então teríamos as "Equações de Ninguém") que ficaria com todo o crédito e ficaria famoso. Invariantemente, estaríamos na mesma situação.

Minha máquina, em específico, tem nome: Galileo. Galileo não foge à regra: é uma típica máquina de temperamento feminino da qual dependo o tempo todo. No dia de hoje, estivemos relembrando uma antiga crise pela qual temos passado há alguns dias, afinal, ele parece carente de atenção. Mas não ousem por-lhe a masculinidade em dúvida (ele é sensível). Estamos a discutir relacionamento.

Acredito que a justificativa para seu temperamento amargo seja a condição utilitária na qual deve se sentir... Eu me achego apenas para usufruir daquilo que ele me oferece: a maior parte do tempo ele está ligado e está a realizar alguma tarefa, como puxar algum arquivo da rede internacional, processar alguma simulação numérica medonha (física, física...), exibir algum texto qualquer, rodar jogos, tocar músicas ou escrever porcarias sem propósito em um blog. Aconteceu que hoje ele ficou lento, travado, o processador não dava conta de tudo que tinha para rodar. Não na velocidade certa pelo menos. Estou acostumado a isso me acontecer, logo, fiz o comando padrão para abrir o gerenciador de tarefas de meu sistema operacional, um saudoso sistema ao estilo caixa preta (que ninguém sabe o que vai dentro), e rapidamente localizei o processo que travava (basta procurar o processo que ocupa mais de 90% da capacidade da CPU). Fechado o processo, continuei o que fazia, até que tive que repetir o processo.

Quando isso acontece, sempre tenho surpresas desagradáveis (que me lembram de que já passou da hora de formatar o disco rígido), e hoje não foi diferente. Decidi que era hora de abrir o msn e ouvir música, e assim o fiz. Aberto o Messenger e aberto o tocador de mídia, qual não foi a surpresa? Uma mensagem do tocador de mídia: "Não há dispositivo de som configurado para o ^*&%^$%". Certo, como diria certo alemão famoso de um vídeo infame: "basta pensar positivo". Estava sem música. Como sobrevivo eu em frente ao computador sem música? Galileo sabe protestar. Sem música, sem som no Messenger e no site de vídeos... sem som. Fui abrir o controle de volume, por mera formalidade, e não fui surpreendido: um "plim" seguido do aviso "Não há dispositivo de som configurado". Em resumo, "Não tem som, seu mala". Mas eu não consegui desprezar o "Plim". Para ter certeza, cliquei novamente e ouvi o mesmo "plim". Temperamental. Não tem apenas o som que eu quero que tenha. E lá vou eu pensar em como resolver uma briga dessas. Eu estava pronto para tudo, menos para uma discussão de relacionamento com a máquina que melhor representa a falta de tino da humanidade. No final, optei pela "chave mestra para a solução de problemas de caráter geral", uma arrojada técnica que serve para situações as mais adversas: A função "Reiniciar o computador". Sim, isso sempre funciona. Também não pude deixar a musiquinha "Tanananam" do Logoff passar em branco. Temperamental, mas, ao retornar, novo em folha, como na primeira vez que foi ligado. Temperamental, mas certamente fácil de conquistar o perdão. Computadores de fato não se igualam à personalidade feminina na TPM.

Um comentário:

Cinthia disse...

Huahuahuahua!
Eu estava meio de cara com as comparações entre o computador e as mulheres melindrosas, mas o final acabou compensando todas as outras piadinhas. xD
(É, acho q não estou na TPM hj.)

Mas achei boas as comparações. Me lembra muito o meu próprio pc, o Alfredo. Também é um computador macho, mas às vezes parece uma bicha velha gagá. >_>
Até os computadores da faculdade estão passando dele em termos de funcionalidade. (Não é a toa: ganhamos pcs novos! Viva, viva! Papai Noel existe!)